Acusado por estupro de vulnerável e
estelionato contra mulheres de Belém e Marabá, no Pará, Diego Rogério Menezes
da Nóbrega, de 36 anos, conhecido como "Don Juan do crime”, foi preso na
última segunda-feira (7), em Vila Nova dos Martírios, a 662 km de São Luís,
pela Polícia Civil do Pará. Diego Rogério tem várias passagens policiais em
diversos estados e chegou a ser preso em 2021 em Vitória da Conquista, acusado
de aplicar o "golpe do amor", roubando mulheres que conhecia no
Tinder.
“Durante as investigações, foi observado que
existia denúncia de vítimas em vários Estados do Brasil pelos mesmos crimes e
ainda roubo de veículos. O preso se mostrava bem-sucedido profissionalmente,
interessado em um relacionamento sério, romântico e carinhoso, tudo para ganhar
confiança da vítima. Após ganhar a confiança delas, ele furtava cartões e fazia
transferências bancárias. Em alguns casos o suspeito dopava as vítimas e
mantinha relações sexuais, nesse momento aproveitava para produzir conteúdo
íntimo e extorquia as vítimas quando a estratégia anterior fracassava”, explica
Walter Resende, delegado-geral da Polícia Civil do Pará.
A delegada Ariane Melo, que comanda a
Diretoria de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAV), conta que as investigações
no Pará começaram há quatro meses.
"O suspeito, reiteradamente, comete
crimes de estelionato utilizando das vulnerabilidades de mulheres envolvidas
emocionalmente. Ele age há anos em diversas cidades do país. Para cada vítima,
todas mulheres, o criminoso se apresentava com um codinome diferente, mas o
golpe sempre foi o mesmo. Após ganhar a confiança das mulheres, em alguns
casos, ele pedia o carro das vítimas emprestado e vendia o veículo com um valor
muito abaixo do mercado. O estelionatário chegou a usar a própria mãe como
desculpa para conseguir enganar mais uma vítima", explica.
Diego Rogério será transferido e ouvido na
Delegacia da Mulher em Belém e depois será encaminhado para Central de Recebimento
e Triagem (CRT), ficando à disposição da Justiça.
Prisão
na Bahia
Diego foi preso em fevereiro de 2021 em
Vitória da Conquista, no sudoeste baiano, em um ônibus parado durante
fiscalização da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na BR-116. A CNH apresentada
por ele, de Piracicaba (SP), levantou dúvidas nos policiais, por conta de
sinais de falsificação.
Os agentes descobriram que ele usava um nome
e identificação de outra pessoa. Na conversa, o homem acabou confessando que
comprou a CNH por R$ 600 em São Paulo. A consulta pelo nome verdadeiro dele
revelou que tinha vários mandados de prisão em aberto por estelionato em vários
locais.
Se passando por engenheiro agrônomo ou
analista da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Diego seduziu mais de uma
centena de vítimas, espalhadas em estados do norte ao sul do Brasil. Com papo
leve e fala solta, o golpista abusava da boa-fé de seus “dates” para subtrair
itens pessoais das pessoas, como anéis e joias. Ele também visava automóveis e
altas quantidades de dinheiro.
O script do golpe segue uma linha padrão de
abordagem: bem sucedido, após viajar por diversos locais do Brasil, o suposto
engenheiro “acabou de chegar” numa nova cidade, onde não conhece ninguém.
Precisando de ajuda para conhecer pessoas e encontrar apartamento, ele se
aproxima de mulheres e homens que o ajudariam nessa missão. De acordo com
relatos das vítimas ouvidas pelo CORREIO, apenas três ou quatro dias depois seu
plano final vem à tona, sempre em busca de itens de valor.
Para dar fidedignidade ao seu roteiro, Diego
afirma que trabalhou por anos na Petrobras, e até mesmo chega a extremos, como
pagar aluguéis dos supostos locais onde irá morar. Aliás, o extremo não é
problema para o criminoso: ele chegou a tatuar o nome de uma das vítimas antes
de efetuar o golpe. Além disso, o golpista também inventa inúmeras histórias,
que vão desde ajudas benevolentes desenfreadas e até mesmo que seria o grande
herdeiro de uma fortuna deixada por sua mãe após a morte.
Um dos casos aconteceu com uma
soteropolitana, residente em Aracaju. Ela contou ao CORREIO que conheceu Diego
através de um aplicativo de relacionamentos. Após o “match”, combinaram alguns
encontros, e ele pediu para que ela o ajudasse a encontrar um apartamento na
capital sergipana. Lar encontrado, Diego demonstrou uma suposta gratidão
generosa até demais, se oferecendo para ajudar a “amada” a trocar seu carro,
que segundo ele era “problemático” e deveria ser vendido. Mesmo a conhecendo há
poucos dias, ele se ofereceu para pagar a diferença entre o carro antigo e o
novo, pois "possuía muito dinheiro que fora herdado”. Trâmites feitos,
carro antigo repassado ao novo dono, xeque mate. O golpista some com o valor
obtido pela venda do carro, feita de maneira completamente legal. O prejuízo
estimado para a vítima foi de R$ 25 mil.
Os golpes não foram somente contra pessoas,
mas também contra lojas e empresas: uma das especialidades de Diego era o roubo
de veículos de locadoras de automóveis. Utilizando de um baratino — em bom
baianês — refinado, o contraventor se apropriava dos veículos após reservar
apenas uma diária. Sempre utilizando documentos falsos, Diego os revendia e
embolsava o dinheiro da venda.
Utilizando o codinome “Mineirin” no Tinder,
a ficha corrida de Diego inicialmente parte de cerca de alguns inquéritos, que
o deixaram com mandado de prisão em aberto. Em sequência, cerca de 100 mulheres
afirmaram que foram lesadas por ele. Hoje, nas redes sociais, em especial no
Facebook, onde uma das vítimas criou um perfil do golpista, oferecendo
recompensa por informações que levassem à sua captura, são relatados cerca de
400 golpes aplicados pelo homem.
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