Na noite dessa terça-feira (15), a deputada
Herika Hilton informou que parlamentares LGBTs estão cobrando investigação da
morte do soldado José Carlos Bahia, lotado em Açailândia (MA), que recorreu ao
suicídio após denunciar que foi vítima de homofobia e tortura por parte de colegas
da corporação.
“Acabamos de oficiar o Ministério da
Justiça, dos Direitos Humanos, o Governador do Maranhão e seu Secretário de
Segurança Pública. É inconcebível um acontecimento desses. Se uma PM mata seus
próprios membros pela sua sexualidade, nos preocupa, e muito, o que faz essa PM
com os civis. E não podemos ficar inertes frente à nenhuma dessas violências”,
diz a parlamentar.
Confira
a íntegra da publicação:
Há
menos de uma semana, morreu o Policial Carlos Bahia dos Santos no Maranhão.
Homossexual,
ele denunciou outros PMs por homofobia, TORTURA e invasão da sua residência,
quando outros PMs o levaram preso sem justificativa.
Após
isso, e a inação das autoridades competentes, Carlos tentou tirar sua própria
vida e foi parar na UTI, na qual, 13 dias depois, veio a falecer.
Nós,
Deputadas Federais @Hilton_Erika, @DudaSalabert e @DaianaSantosPOA, junto do Senador @ContaratoSenado, acabamos de oficiar o
Ministério da Justiça, dos Direitos Humanos, o Governador do Maranhão e seu Secretário
de Segurança Pública.
É
inconcebível um acontecimento desses. Se uma PM mata seus próprios membros pela
sua sexualidade, nos preocupa, e muito, o que faz essa PM com os civis. E não
podemos ficar inertes frente à nenhuma dessas violências.
Toda
nossa solidariedade aos familiares e amigos de Carlos Bahia dos Santos.
O
caso
O soldado José Carlos Bahia, 31, havia tentado
suicídio no último dia 29 de julho após denunciar ter sido vítima de agressão e
homofobia por parte de colegas militares de Açailândia (MA).
Eles estava internado no hospital Carlos
Macieira, em São Luís, e morreu no último dia 10 deste mês. Segundo as
entidades que acompanham o caso, o militar teve duas paradas cardíacas durante a madrugada e terminou morrendo.
"Depressão não é frescura",
escreveu o soldado em uma mensagem endereçada ao seu superior pouco antes da
tentativa de suicídio. "Diga também a ele que o seu pedido de perdão não
deve ser direcionado a Deus, mas sim às suas vítimas. Fui esquecido pelos meus
irmãos."
O
relato do PM
O PM denunciou em junho que foi vítima de
homofobia e agressão praticadas por colegas militares superiores. E afirmou que
não houve resposta efetiva do comando para protegê-lo, segundo o boletim de
ocorrência.
O soldado relatou que teve a casa invadida
por integrantes do 26º Batalhão da PM e foi detido, entre a noite do dia 26 e a
madrugada de 27 de junho. Conforme o relato, os militares chegaram em uma
viatura com a sirene ligada por volta das 23h30.
José Carlos afirma que seus colegas PMs
disseram que ele estava preso porque havia abandonado o posto de serviço. O
soldado explicou que deixou o batalhão (como fez outro colega) porque o local
estava abrigando outros militares e servidores do Ibama, e que por isso não haveria
local para alojar a todos.
Ele conta que foi arrastado e levado para
fora de casa, quando estava apenas de toalha. Mesmo não tendo reagido, a
agressão deixou o braço do militar com hematomas.
A casa de José Carlos foi inteiramente
revistada, momento em que ele ouviu ofensas homofóbicas. Um policial que estava
na equipe disse que ele teria deixado o trabalho porque estava indo ao encontro
de seu companheiro ou "de outro macho".
Segundo a defesa, o soldado já vinha
sofrendo "uma série de abusos e assédio moral" antes de ter a casa
invadida.
O caso está sendo investigado pelo
Ministério Público do Maranhão.
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