O Tribunal do
Júri de Buriticupu condenou o réu Claudeonor Oliveira Maciel pelo feminicídio
da própria mulher dele, Cleuma Viana de Sousa, de 42 anos. A vítima foi
assassinada com um tiro no rosto no dia 9 de julho de 2023.
O júri popular
foi realizado nessa segunda-feira (7) e presidido pelo juiz Flávio Gurgel,
titular da 1ª Vara de Buriticupu e respondendo pela 2ª. Ao final do julgamento,
Claudeonor recebeu a pena de 24 anos e meio de prisão.
Consta na
denúncia, que a vítima estava deitada no quarto descansando, enquanto seus
filhos, de 16 e 9 anos, aguardavam a chegada de um entregador de pizza. Nesse
momento, Claudeonor chegou no local, em visível estado de embriaguez, e foi em
seguida em direção ao quarto em que estava a esposa.
Após breve discussão, ele teria afirmado o seguinte: “Fala mais alguma coisa aí pra ver como te dou seis tiros na tua cara”. Logo depois, ele se aproximou da mulher e deu um tiro à queima-roupa no rosto dela.
Depois do crime, o assassino, ainda com a arma em punho, falou para a filha que havia matado Cleuma e logo após fugiu do local.
Segundo as
investigações, Claudeonor ainda encaminhou um áudio para uma testemunha,
confessando a autoria do feminicídio.
Durante a
apuração dos fatos, foram colhidos depoimentos de testemunhas, que afirmaram
que o relacionamento do denunciado e a vítima era bastante conturbado,
sobretudo pelo fato do mesmo proferir ofensas, agressões e ameaças de morte
quando fazia uso de bebida alcoólica.
“O crime bárbaro praticado pelo denunciado chocou a população da cidade, bem como repercutiu em matérias de jornais de grande circulação e em redes sociais [...] Dos autos verifica-se que a motivação para o crime decorreu de mera discussão e pelo fato da vítima de não ter atendido a ordem do denunciado para que ficasse calada, de onde se extrai a desproporcionalidade e a futilidade do motivo”, pontuou o Ministério Público na denúncia.
Para o MP, o
denunciado valeu-se de recurso que dificultou a defesa da vítima, pois Cleuma
foi alvejada na cabeça com tiro à queima-roupa quando estava deitada na cama.
“Por fim, a
conduta praticada pelo denunciado constituiu a figura do feminicídio, pois teve
como vítima a mulher em circunstâncias de violência doméstica”, pontuou.
Para o juiz
Flávio Gurgel, a celeridade nos julgamentos, especialmente em casos de
feminicídio, é fundamental para que a resposta do processo seja alcançada de
forma oportuna, seja ela qual for.
“Levar o caso
ao Tribunal do Júri neste momento teve exatamente esse propósito, que é
assegurar que as famílias e a sociedade, como um todo, recebessem uma resposta
célere e consoante o entendimento dos jurados, que, neste ato, representam a
comunidade local”, observou.
O crime
O crime
aconteceu no dia 9 de julho de 2023, em Buriticupu, a cerca de 417 km de São
Luís. A vítima, Celeuma, tinha 42 anos, e chegou a deixar uma carta em que já
antecipava que poderia ser morta pelo marido.
O crime
aconteceu por volta das 20h na Rua da Caeminha, onde o casal morava. Celeuma,
que era conhecida como 'Cleuma', foi morta com um tiro na cabeça, em cima de
uma cama. Logo depois, Claudeonor não foi mais visto na cidade.
Segundo a
Polícia Civil, o casal tinha três filhos, sendo duas crianças e uma
adolescente. Uma das filhas afirmou, em depoimento, que viu o pai entrando na
casa e ouviu o disparo.
Parentes da
vítima entregaram à Polícia Civil, uma carta escrita em 2022, em que Cleuma
pede para os filhos não ficarem com o pai, pois suspeitava que poderia morrer.
"Se vier a
acontecer alguma coisa comigo, eu não quero que meus filhos fiquem com o pai.
Ele é uma pessoa muito agressiva, tem 17 anos que eu sofro na mão dele
agressões física, verbal e psicológica, fora as humilhações que ele faz comigo.
Ele é um psicopata. Eu quero que alguém da minha família cuidem deles",
diz a carta.
Após a morte de
Celeuma, os três filhos do casal ficaram sob os cuidados da avó materna,
segundo o Conselho Tutelar de Buriticupu.
Assassino preso
no Pará
Quase nove
meses após o assassinato de Celeuma Viana, a Polícia Civil prendeu o principal
suspeito do crime: Claudeonor Oliveira, que era marido da vítima.
Claudeonor
estava trabalhando em uma fazenda e plantando soja, na Zona Rural do município
de Rondom, no Pará. Policiais de Buriticupu, que passaram meses na
investigação, conduziram Claudeonor até a delegacia, onde ele ficará preso, e
deve ser encaminhado para uma Unidade Prisional no Maranhão.
O homem foi
preso no dia 6 de abril de 2024, em cumprimento a um mandado de prisão
preventiva expedida pela Justiça. Com Claudeonor, a polícia encontrou ainda uma
arma de fogo irregular.
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