Rádio Voz do Maranhão

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Delator detalha ‘esquema’ do PMDB da Câmara

Empresário Alexandre Margotto relata em acordo de delação premiada atuação de grupo liderado por Cunha e Geddel em supostos desvios na Caixa
Geddel Vieira Lima atuava na liberação de valores para grandes empresas junto a órgãos públicos
Fabio Serapião e Fábio Fabrini
O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - Braço direito do corretor Lúcio Bolonha Funaro, o empresário Alexandre Margotto detalhou em seu acordo de delação premiada como o grupo político do PMDB da Câmara, liderado por Eduardo Cunha e Geddel Vieira Lima, atuava na liberação de valores para grandes empresas junto a órgãos públicos, em especial a Caixa. O acordo foi tornado público ontem pelo juiz Vallisney de Souza, da 10.ª Vara Federal do Distrito Federal.

Como revelou o Estado na edição desta sexta-feira, 17, nos depoimentos prestados à Procuradoria da República no DF, Margotto disse que a Vice-Presidência de Pessoa Jurídica da Caixa, comandada pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) de 2011 a 2013, era mais rentável para Funaro que a Vice-Presidência de Fundos de Governo e Loterias, a cargo de Fábio Cleto – que delatou desvios em operações bilionárias do banco público.

Ele também afirmou que o corretor ganhou uma casa como forma de receber um dívida de propina devida pela holding J&F. Ao Estado, Joesley alegou que vendeu o bem ao corretor. No primeiro anexo, o colaborador explicou a origem do seu relacionamento com Funaro, Fábio Cleto e outros investigados pela força-tarefa de procuradores que unificou as investigações das operações Sépsis, Greenfield e Cui Bonno?. Ele contou que foi ele quem apresentou Cleto a Funaro.

Nos depoimentos relacionados aos anexos 2, 3 e 4, o empresário detalhou a utilização de suas empresas e as de Funaro no recebimento de valores oriundos de negociações junto aos órgãos públicos. No anexo 5, ele explicou como funcionava o “esquema geral” do grupo, desde o relacionamento com as empresas até a liberação dos investimentos do FI-FGTS e de carteiras administradas pelo fundo. Nesse tópico, ele apontou as ilicitudes envolvendo o investimento do FGTS no empreendimento do Porto Maravilha, sob comando das empreiteiras Carioca Engenharia, Odebrecht e OAS. Margotto confirmou que Cunha e Cleto receberam propina para liberar o aporte do empreendimento.

J&F
Segundo Margotto, o empresário Joesley Batista, presidente da holding que controla empresas como a JBS, Vigor e Alpargatas, era habitualmente visto no escritório de Lúcio Funaro. O delator afirmou que Batista sabia que Funaro repassava valores recebidos dele para políticos em troca da liberação dos empréstimos e aportes.
Em nota, a J&F informou que “reitera que suas relações comerciais com Lúcio Funaro são lícitas, legais e devidamente documentadas.” Sobre os assuntos que estão sob investigação, a empresa esclareceu que está à disposição do MPF e da Justiça caso haja algo a acrescentar. “A J&F esclarece ainda que nenhum de seus executivos citados tiveram ou têm qualquer relação com Alexandre Margotto”.


O Estado não conseguiu contato com a defesa de Geddel e de Funaro. A defesa de Cunha não respondeu aos contatos da reportagem.

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