Denúncia de agiotagem com emendas parlamentares agita sessão na Assembleia Legislativa

Não é de hoje que se especula sobre desvios de finalidade dos recursos de emendas parlamentares. Destinadas geralmente a “obras” nos municípios, onde parlamentares têm bases eleitorais, essas emendas sempre se ‘evaporam’. O dinheiro some, tem outro destino, e as obras não aparecem. Só que ninguém sabia como esses recursos são desviados.

Para tentar clarear um pouco mais os prováveis esquemas, o jornalista Décio Sá, em seu blog(http://www.blogdodecio.com.br), trouxe uma informação que mexeu com os brios de parlamentares: a prática de agiotagem. Segundo o jornalista, que teria conversado com um parlamentar não identificado na matéria, o esquema consistia na venda de emendas antes de os recursos serem liberados pelo governo do Estado. O parlamentar receberia 70% do valor, ficando o restante (30%) para o agiota dividir com o prefeito que aceitasse entrar no esquema.

A informação foi como lenha na fogueira e incendiou a sessão na Assembleia Legislativa, nesta terça-feira.

O blogueiro Caio Hostílio(http://caiohostilio.com), que acompanha o dia a dia na Assembléia, afirma que o primeiro paralamentar a usar a tribuna foi Raimundo Cutrim (DEM), que exigiu que fossem apuradas as denúncias de agiotagens com as emendas parlamentares, nos blogs dos jornalistas Décio Sá e Cláudio Humberto.

Cutrim exigiu que o parlamentar que passou as informações ao jornalista Décio Sá se identificasse e, assim, falassem quais foram os deputados e os respectivos prefeitos que pegaram 70% do valor total das emendas, deixando ao agiota 30%, quando as emendas saírem. “A Casa tem por obrigação apurar esses fatos, pois a forma da denúncia generaliza, deixando no rol todos nós”, falou Raimundo Cutrim.

O deputado Marcelo Tavares (PSB), também, foi à tribuna, cobrar esclarecimento quanto à denúncia dos jornalistas Décio Sá e Cláudio Humberto. Para o deputado, a Mesa Diretora tem que investigar e até mesmo chamar os jornalistas para que esclareçam tais acusações, pois fica generalizado. “Eu não recebo emendas, mas acho que o deputado Raimundo Cutrim tem toda razão em pedir que sejam feitas investigações. Essas denúncias não são de hoje, já estão aí há muito tempo.”, falou Marcelo.

O presidente Arnaldo Melo disse que esse controle é feito pelo poder executivo, isso através do Portal da Transparência. “A Casa não tem como controlar emendas dos gabinetes dos deputados, mas a Casa pode investigar em caso de um pedido de um parlamentar, de um partido político e por um eleitor, desde que seja por escrito”, frisou Arnaldo Melo.

O deputado Magno Bacelar, por sua vez, classificou a denúncia de irresponsável. “O dedo duro falou isso para impressa de fora que não conhece o Maranhão. Ele quer extorquir os deputados com essa matéria, pois não recebe mais o dinheiro que recebiam para xingar o grupo da governadora”, disse Nota 10.

O assunto é grave e merece a instalação de uma comissão, para investigar todas as emendas liberadas a parlamentares nos últimos anos.