Ministro do Trabalho chegou ainda a
dizer que 'duvida' que presidente o demita do cargo
Andrea Jubé Vianna, de O Estado de
S.Paulo
Alvo de denúncias de corrupção, o
ministro do Trabalho, Carlos Lupi, afirmou que tem o apoio "total" da
presidente Dilma Rousseff e de seu partido, o PDT, para continuar no cargo.
Durante entrevista coletiva encerrada há pouco, Lupi, que é presidente
licenciado do PDT, avisou que para tirá-lo do cargo, "só abatido a bala e
tem que ser bala forte, porque eu sou pesadão".
Questionado sobre a confiança de Dilma
nele, o ministro declarou que "duvida" que a presidente o tire do
cargo. Já o líder do PDT na Câmara, Giovani Queiroz (PA), avisou que, se Lupi
for demitido, o PDT deixa a base aliada ao governo.
Carlos Lupi em reunião com a bancada do PDT em Brasília |
"Com (a eventual saída do) o
ministro Lupi, sai o PDT", declarou Giovani Queiroz, que acompanhou a
coletiva ao lado de Lupi, assim como o líder da bancada no Senado, Acir Gurgacz
(RO), a fim de demonstrar a unidade do partido em torno de seu dirigente.
Queiroz esclareceu que sua afirmação não era uma ameaça ao governo, mas apenas
um posicionamento do partido, porque nenhum outro pedetista poderia substituir
Lupi na Pasta. Tanto Queiroz como Acir Gurgacz afirmaram que as bancadas do PDT
na Câmara e no Senado estão unidas no apoio à permanência de Lupi no
Ministério.
Sobre a confiança de Dilma nele, Lupi
afirmou que, em conversa reservada com a presidente, ela lhe transmitiu apoio
para que ele esclarecesse as denúncias sem se afastar do cargo. "Ela me
perguntou se eu lutaria até o fim e eu respondi que não vou desistir
nunca", declarou. Ainda segundo o ministro, Dilma ainda não deu uma
declaração pública de confiança nele "porque não precisa". Mas depois
de declarar que "duvida" que Dilma o demita, Lupi retificou, dizendo
que "é pouco provável" que isso ocorra.
Lupi insistiu que não existe nenhuma
denúncia de corrupção envolvendo o nome dele, mas não descartou irregularidades
envolvendo servidores da Pasta. Segundo ele, são mais de dez mil funcionários
e, por isso, não há como controlar as ações de todos. O ministro salientou,
entretanto, que o Ministério do Trabalho é o único que faz "chamadas
públicas" para controlar os convênios da Pasta com ONGs desde 2008.
Mas admitiu que o sistema de
acompanhamento dos contratos é "frágil" e prometeu fazer um mutirão
até o fim do ano para atualizar o cumprimento de todos eles. Tentando
demonstrar segurança e bom humor, o ministro concluiu comparando o desgaste
político que atravessa com a mudança de clima: "É que nem chuva: no dia
seguinte já é sol".
A reportagem da Veja publicada na edição
desta semana afirma que caciques do PDT comandados por Lupi teriam transformado
órgãos de controle da Pasta em instrumento de extorsão. Segundo a revista, a
partir de relatos de diretores de ONGs, parlamentares e servidores públicos, o
esquema funcionaria assim: primeiro o Ministério contrata entidades para dar
cursos de capacitação profissional, e depois assessores exigem propina de 5% a
15% para resolver 'pendências' que eles mesmos criariam.
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