Em vez de esperar reforma ministerial,
em 2012, presidente vai traçar destino do ministro a partir das novas
explicações que ele terá de dar hoje ou amanhã
RUI NOGUEIRA, DENISE MADUEÑO / BRASÍLIA
- O Estado de S.Paulo
Os indícios de que o ministro do
Trabalho e o PDT usaram favores de uma organização não governamental (ONG) e de
empresas para contratar aviões a serviço de viagens partidárias agravaram a
situação de Carlos Lupi. Em vez de esperar para definir sua situação só na
reforma ministerial, em 2012, a presidente Dilma Rousseff vai traçar o futuro
do ministro a partir das novas explicações que ele terá de dar hoje ou amanhã
por conta do noticiário dos últimos dias.
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Na Câmara, Carlos Lupi, disse que não possui nenhuma relação com Adair Meira (à esquerda na foto) |
Além das novas explicações para Dilma,
Lupi vai ter de se defender, no próximo sábado, na reunião do Diretório
Nacional do PDT. Um dos itens da agenda da reunião é "a prestação de
contas do ministro Carlos Lupi de suas ações à frente do Ministério do Trabalho
e Emprego". Perante os cerca de 300 integrantes partidários, Lupi tentará
uma sobrevida cavando, se possível, uma nota oficial de apoio do PDT à sua
permanência na pasta.
Apesar de já ter trocado seis ministros
- cinco deles por suposto envolvimento em casos de tráfico de influência e
corrupção -, a presidente não deu ao ministro do Trabalho um salvo-conduto de
permanência até o fim do ano.
Um assessor do Planalto resumiu ontem ao
Estado a situação do ministro: "Lupi não tem a garantia de que fica até a
reforma ministerial; Lupi tem a garantia da presunção da inocência, que a
presidente Dilma dá a todos, como manda a lei".
A presunção de inocência, contudo, fica
cada vez mais difícil. Ontem o site da revista Veja publicou um vídeo que
mostra Lupi e Adair Meira, dono da ONG Pró-Cerrado, desembarcando do avião King
Air usado em viagem pelo Maranhão em 2009. Além deles, estavam presentes
Ezequiel Nascimento, ex-secretário de Políticas Públicas de Emprego do
ministério, o ex-governador Jackson Lago (já falecido) e o deputado Weverton
Rocha (PDT-MA), ex-assessor de Lupi.
O noticiário de revistas e jornais
deixou o ministro "com jeito de Wagner Rossi" - Rossi saiu da
Agricultura ao admitir que usou o jatinho da OuroFino Agronegócios, empresa que
mantinha contratos com o ministério e foi sua doadora eleitoral.
Na avaliação do Planalto, o "jeito
Rossi" do ministro do Trabalho quer dizer o seguinte: 1) apareceram
indícios de que ele viajou de favor, num esquema envolvendo a Pró-Cerrado, ONG
que já ganhou quase R$ 14 milhões em convênios com o Ministério do Trabalho e é
próxima de lideranças do PDT de Goiás; 2) o próprio PDT não conseguiu dar uma
resposta cabal sobre quem pagou os aviões usados pelo partido e pelo ministro,
na viagem pelo interior do Maranhão.
A não ser que haja uma troca explícita
de favores, nenhuma empresa de táxi aéreo aceita receber com dois anos de
atraso por um serviço prestado. O dono da Pró-Cerrado admitiu, em entrevista ao
Estado, que foi ele quem ajudou o PDT a fazer a reserva do King Air usado no
Maranhão. Adair Meira lembrou, ainda, que também foi utilizado um bimotor
Sêneca, que o deputado Weverton Rocha diz ter sido contratado pelo partido -
mas o PDT não provou quem pagou.
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