O Álcool é uma droga, e como droga tem
seus efeitos efetivos no Sistema Nervoso e no Funcionamento Mental de uma
pessoa. Desde a excitabilidade e a exaltação, o animal humano se transforma em
mais animal do que humano. Por que friso essa questão de animalidade, de
“cérebro inferior”? Intoxicado pelo álcool etílico, uma pessoa vai
progressivamente ficando excitada, exaltada e perdendo os reflexos
neurofisiológicos. Com isso, principalmente na esfera psíquica, o indivíduo
alcoolizado, gradativamente vai sendo afetado em suas funções psíquicas de
atenção, memória, juízo de realidade, pensamento. Torna-se somente Ação, ação
que chamamos de atos impulsivos, agressivos e destrutivos.
Ação que obstrui a capacidade para
pensar, que diminui sua capacidade para pensar, e reduz também a capacidade de
considerar os dados da realidade externa: ambiente e principalmente a
consideração e afetuosidade pelos seus semelhantes. Torna-se uma “fera” ungida
de uma substância que acelera sua atividade mental em direção à estupidez,
arrogância, burrice mental e sentimento de que, tudo é só o seu impulso de agir
conforme sua própria vontade. Sente-se “onipotente”, “presunçoso”; acha que
controla tudo e que sabe dirigir a sua própria pessoa bem como um automóvel.
Doce ilusão! Vamos viver o impulso, o
desejo, a vontade de tudo fazer o que quisermos. Estamos, psicanaliticamente
falando, do Império dos Sentidos e da Arrogância desvairada. Sua agressividade
útil se transforma numa Destrutividade mortífera. E aí acontecem os atos mais
animalescos do ser humano: desacato às autoridades, desobediência a qualquer
outra pessoa que o aconselha, violência física em bares, restaurantes e ruas.
Ele é o próprio dono do mundo!
Não precisa intuir que as conseqüências
dessas atitudes são incomensuráveis. Acidentes de trânsito, homicídios e
“suicídios”. A Lei Seca, a "Tolerância Zero", são medidas
profiláticas que têm a capacidade de frustrar atos incivilizados. Para o
alcoolizado é pura frescura, e algo mais grave, ele toma como uma medida contra
ele, proposital, que restringe “seu prazer selvagem”. Tal como uma “cascavel
faminta”, o objetivo é a satisfação da sua necessidade instintiva. O vício
humano, no caso com a droga álcool, a reação é a mesma: Instinto e impulso que
não conhecem leis, limitações, obstruções e interrupção do prazer.
Bem, caro leitor, quero enfatizar uma
frase veiculada pelo Ministério das Cidades em sua última campanha sobre álcool
e direção: “O efeito do álcool passa, a culpa fica para sempre.” É verdade, a
culpa fica, caso a pessoa tenha a capacidade de sentir culpa, pois, sentindo
culpa ela pode reconsiderar os estragos que fez e mudar sua atitude interna
frente às suas necessidades. No entanto, se ficar somente na culpa, a tendência
é desenvolver uma Grave Depressão ou atos de expiação, de desculpas, que como
um pecador, à medida que se confessa pode pecar novamente.
Gostaria de frisar que Culpa,
consideração pelo dano causado é Responsabilidade. Aí sim, responsabilidade é
uma condição para a mudança. Sentimento de culpa somente, não. Culpa pede
castigo; Responsabilidade pede consideração, amorosidade, respeito e capacidade
para fazer mudanças em seus hábitos e vícios.
A Lei atual está complemente certa, e
principalmente agora, que vai punir de maneira mais drástica, criminalmente, a
pessoa que conduzir um carro sob o efeito de bebida alcoólica. Espera-se que
seja cumprida, pois já estamos desencantados com a Justiça Brasileira que é
flexível e complacente em algumas situações. Quer beber, tudo bem, desde que
combine com um amigo para ser aquele que não vai beber naquela saída.
Caso esteja só, chame um táxi, é mais
civilizada essa atitude. As mortes, atropelamentos e acidentes de trânsito
aumentam cada vez mais! Queremos ser um país de primeiro mundo? Ofertemos a
nossa contribuição!
F.S. Fitzgerald, escritor americano,
1896-1940 tem uma bela frase: “No início você bebe um copo, depois o copo bebe
um copo, depois o copo bebe você.” Sêneca, filósofo latino, 4 a.C. dizia: “ A
embriaguez excita e traz à luz todos os vícios, tirando aquele senso de pudor
que constitui um freio aos instintos ruins.”
Carlos A.Vieira, médico, psicanalista da
Soc. de Psicanálise de Brasilia e membro da FEBRAPSI-IPA-London.
Texto extraído do Blogo do Moreno
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