sábado, 9 de junho de 2012

Cansado de ser cobrado por financiadores de campanhas eleitorais, Aziz Santos abandona o PDT


Aziz Santos é mais um a cair fora do PDT

O economista Aziz Santos, um dos chamados ‘históricos’ do PDT, abandonou a nau do partido de Leonel Brizola. O ex-secretário de planejamento do governo Jackson, diz, em nota  publicada no seu perfil no facebook, não concordar com os rumos que estão sendo dados ao PDT.

— Não me sinto representado pelos atuais dirigentes, até pela forma antidemocrática como assumiram a direção partidária. Cansei de dialogar e de mostrar que o caminho tomado não interessa à democracia interna do PDT, nem às forças progressistas do Estado  — diz Aziz.

Uma das causas do afastamento de Aziz Santos são dividas contraídas junto a financiadores de campanhas eleitorais do PDT. O economista afirma que tudo era feito em nome do partido, com aval do falecido ex-governador Jackson Lago. Ele se queixa das cobranças que continuam sendo dirigidas a ele. O atual comando do PDT não estaria disposto a quitar essas dívidas.

—Trata-se das dívidas remanescentes do PDT. Devo relembrar-lhes que elas foram constituídas ao longo de nossa caminhada e junto a parceiros que sempre estiveram conosco na luta pela redemocratização do Maranhão. Como sempre acontecia, o signatário as contraía, em nome do Partido, por autorização do seu então Presidente Dr. Jackson Lago. Os credores ainda hoje me perguntam se/e quando vão recebê-las. Perguntam a mim, e a ninguém mais, justamente porque fui o avalista moral das avenças. Sempre lhes respondi que tivessem paciência, pois que o nosso Partido era uma agremiação séria e nada afeita a calotes. Continua sendo? Conhecem a natureza das dívidas, entre outros, os companheiros Clodomir Paz, Chico Leitoa e Antonio Carlos Lago, que tudo fizeram para resolver as pendências — desabafa Aziz Santos.

Pergunta-se, diante dessa revelação: quem seriam os ‘parceiros’ que emprestaram dinheiro para financiar campanhas do PDT? Esse dinheiro teria entrado na prestação de contas de campanha? Os ‘parceiros’ teriam declarado esses valores em suas respectivas declarações de imposto de renda? Acredito que Aziz Santos tem muito a esclarecer sobre esse assunto.

Confira o teor da Nota de despedida de Aziz Santos do PDT:

São Luís, 08 de junho de 2012.

À
Comissão Provisória Estadual do PDT
Nesta

Senhores Dirigentes,

Na última reunião política que participei sob a liderança do ex-governador Jackson Lago, na casa do companheiro Clodomir Paz, na véspera da viagem que fez a São Paulo para tratamento de saúde, de onde voltou sem vida, disse a ele que o PDT Nacional já não tinha projeto de poder, que se transformara num partido de aluguel, tanto que, em minha opinião, se o Serra tivesse sido eleito Presidente, a Direção Nacional o buscaria para entregar-lhe a legenda em troca de favores.

Na sequência, sugeri que, sob sua liderança, saíssemos todos do PDT em busca de um partido mais próximo dos nossos ideais, tendo o cuidado de afirmar que, se a minha sugestão não tivesse acolhida, continuaríamos com ele, Jackson Lago, na luta e na mesma trincheira partidária, ainda que ela já tivesse perdido a razão de existir dignamente. Do alto de sua experiência, o companheiro Jackson nos disse que já não tinha idade para isso. Passou-nos, então, as suas últimas orientações sobre como deveríamos conduzir o Partido na sua ausência.

A propósito, a historiadora Marly da Silva Motta, da FGV, declarou recentemente que o PDT “manteve o nome, mas perdeu a alma”, desaparecida esta com a morte de Brizola.
O PDT foi o único partido político da minha vida. No entanto, sinto que chegou a hora de pôr fim à agonia de permanecer num corpo sem alma. A principal razão de comunicar a V. Sas. a decisão de afastar-me desta agremiação partidária, para a qual dei a minha humilde parcela de contribuição ao longo dos últimos 26 anos, é a já exposta. Sozinha, já seria suficiente para esta tomada de decisão. Todavia, ela não está solteira.

Os últimos acontecimentos envolvendo o Partido a nível local embrulham-me o estômago. Não me sinto representado pelos atuais dirigentes, até pela forma antidemocrática como assumiram a direção partidária. Cansei de dialogar e de mostrar que o caminho tomado não interessa à democracia interna do PDT, nem às forças progressistas do Estado. Assim, antes que nos aconteça o pior, tomo a decisão de afastar-me do estéril rumo que a agremiação insiste em trilhar. Em ponto menor, existe ainda outra razão para o meu afastamento, adiante descrita. (Devo informar que esta decisão foi transmitida pessoalmente a Dra. Clay Lago, por quem nutro especial admiração, respeito e gratidão).

Trata-se das dívidas remanescentes do PDT. Devo relembrar-lhes que elas foram constituídas ao longo de nossa caminhada e junto a parceiros que sempre estiveram conosco na luta pela redemocratização do Maranhão. Como sempre acontecia, o signatário as contraía, em nome do Partido, por autorização do seu então Presidente Dr. Jackson Lago. Os credores ainda hoje me perguntam se/e quando vão recebê-las. Perguntam a mim, e a ninguém mais, justamente porque fui o avalista moral das avenças. Sempre lhes respondi que tivessem paciência, pois que o nosso Partido era uma agremiação séria e nada afeita a calotes. Continua sendo? Conhecem a natureza das dívidas, entre outros, os companheiros Clodomir Paz, Chico Leitoa e Antonio Carlos Lago, que tudo fizeram para resolver as pendências.

Não poderia afastar-me sem dizer-lhes que, há cerca de dois anos e mais, venho sendo acusado de três coisas dentro do PDT: de incompetente; de mandar no governo do saudoso companheiro Jackson Lago; e de improbidade. Em relação à incompetência, a minha vida profissional fala por mim – são 47 anos de trabalho em várias frentes; sobre mando de governo, quero dizer que jamais tomei uma decisão sequer que não tenha sido autorizada pelo ex-prefeito e ex-governador Jackson Lago. Só mesmo quem não conheceu o Dr. Jackson é que pode pensar que alguém se sobrepunha à sua marcante autoridade; sobre insinuações maledicentes e cínicas de improbidade no trato da coisa pública, chegou a hora de dizer a quem possa interessar (militantes e/ou dirigentes partidários): ofereçam provas de um único ato de improbidade que eu tenha praticado em meus 47 (quarenta e sete) anos de trabalho. Não precisam dois, basta um. Não vão encontrar.

Ah! A Gautama, processo em que o Jackson Lago, Zé Reinaldo, Wagner Lago, eu e tantos outros fomos indiciados. Espero há 5 (cinco) anos que a Justiça me convoque para eu oferecer a minha defesa. Processo sem pé e sem cabeça, armado pelos nossos inimigos para macular a honra dos que se mantêm de pé. O Dr. Jackson morreu e não teve a oportunidade de se defender.

A minha contribuição para a democratização e o desenvolvimento do Maranhão vai continuar a ser dada, ao lado das oposições, ao meu modo e dentro de minhas possibilidades, independentemente de estar militando em partido.

No PDT construí amizades que muito prezo. De minha parte, tudo farei para mantê-las.
Afasto-me sem dor nem saudades. Simplesmente, afasto-me.

Abdelaziz Aboud Santos.

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