No Rio Grande do Sul, deputados aprovaram, logo após
a eleição de 2014, um modelo de aposentadoria para eles próprios em que a Casa
arca com a maioria das contribuições. A iniciativa é questionada no Supremo
Tribunal Federal.

FELIPE BÄCHTOLD
DE PORTO ALEGRE
Mil deputados dos Legislativos estaduais e do DF
gastarão neste ano, juntos, R$ 11,8 bilhões. Apesar da crise que engessou
Orçamentos, todas as Assembleias do país ampliaram nominalmente seus caixas em
relação a 2015 –oito delas acima da inflação.
O gasto previsto equivale à metade do que o governo
federal pretende arrecadar com a recriação da CPMF. Também corresponde ao
Orçamento anual de um Estado do porte da Paraíba.
Em 2016, essas despesas ultrapassam, pela primeira
vez, R$ 1 bilhão em três Estados (MG, SP e Rio).
Minas, com R$ 1,27 bilhão e 77 deputados, é campeã
–em São Paulo são 94 e no Rio, 70. O mínimo de deputados por Estado é 24.
Em São Paulo, os recursos públicos na lei
orçamentária para a Assembleia mais do que dobraram em relação a oito anos
atrás, em uma escalada bem superior à inflação.
O maior gasto proporcional, no entanto, será em
Roraima: R$ 350 por habitante.
São os próprios deputados os responsáveis por
aprovar e modificar os Orçamentos.
Segundo o governo de Roraima, os deputados
remanejaram verbas de investimentos do Executivo para ampliar o orçamento da
Assembleia em mais R$ 20 milhões. A discussão não foi encerrada.
Em São Paulo e Goiás, os governos previam menos
verbas para as Assembleias, mas as Casas acabaram elevando-as em R$ 65 milhões
e R$ 60 milhões, respectivamente.
O que mais onera o caixa dos Legislativos são gastos
com pessoal. Em Minas, 83% das despesas previstas cobrem salários e encargos
sociais.
No Rio Grande do Sul, deputados aprovaram, logo após
a eleição de 2014, um modelo de aposentadoria para eles próprios em que a Casa
arca com a maioria das contribuições. A iniciativa é questionada no Supremo
Tribunal Federal.
Outra fonte de despesas são benesses distribuídas
com dinheiro público.
No Amapá, onde o Legislativo consome 3,1% de todo o
Orçamento, deputados têm à disposição verbas de "subvenção social",
que são destinadas a patrocínios e ONGs.
OUTRO LADO
Assembleias procuradas pela reportagem defenderam as
leis orçamentárias de 2016. As de SP e RS afirmaram que promoveram cortes e
economizaram R$ 16 milhões e R$ 85 milhões, respectivamente.
A de Minas cita gastos com servidores aposentados e
promete um plano de cortes de despesas. A do RS diz que seu Orçamento está
"congelado".
A Assembleia de Roraima negou ter tirado recursos de
investimentos do Executivo e disse que, como vários governadores ainda não
sancionaram suas leis orçamentárias de 2016, não é possível ainda afirmar que é
a mais cara.
A assessoria do deputado Fernando Capez (PSDB),
presidente da Assembleia de São Paulo, diz que as despesas do Legislativo
estadual são as menores do país em proporção ao PIB dos Estados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário