“Estou tendo meus direitos torturados, mas não vão matar a esperança, porque eu sei que a democracia é sempre o lado certo da história. E isso quem me ensinou foi a historia de meus País. Foram dezenas, centenas, milhares de pessoas que lutaram pela democracia", disse a presidenta. |
A presidenta demonstrou confiança em ser absolvida no Senado e se disse preparada para o “quarto turno”. |
Em sua primeira declaração após a
abertura do processo de impeachment, a presidente Dilma Rousseff disse, nesta
segunda-feira (18), em coletiva no Palácio do Planalto, que se sente
injustiçada pela decisão da Câmara dos Deputados. Dilma disse que viu todas as
declarações dos deputados e que nenhum deles a acusou de crime de
responsabilidade.
“Não vi uma discussão sobre o crime de
responsabilidade, a única maneira de se julgar um presidente da República no
Brasil. Isso porque a Constituição assim o prevê. Ela prevê que é possível [o
impeachment] e está escrito, mas a Constituição estipula que é necessário a
existência do crime de responsabilidade para que um presidente possa ser
afastado do cargo. Isso depois de receber os votos majoritários da população.
Recebi 54 milhões de votos e me sinto indignada”, afirmou.
A presidenta falou também que tem
certeza de que os deputados sabem que ela não cometeu crime de
responsabilidade. “Além disso não há contra mim nenhuma acusação de desvio de
dinheiro público, enriquecimento ilícito, não fui acusado de ter contas no
exterior.”
Dilma afirmou ainda que não vai desistir
de lutar em nenhum momento e que não está em questão o seu mandato, mas sim a
democracia. “Estou tendo meus direitos torturados, mas não vão matar a
esperança, porque eu sei que a democracia é sempre o lado certo da história. E
isso quem me ensinou foi a historia de meus País. Foram dezenas, centenas,
milhares de pessoas que lutaram pela democracia.”
Sobre a continuidade do processo, a
presidenta demonstrou confiança em ser absolvida no Senado e se disse preparada
para o “quarto turno”, numa referência às disputas políticas que enfrenta desde
sua vitória no segundo turno das eleições de 2014. Ela reclamou que o Congresso
não deu trégua nos últimos 15 meses e citou, como exemplo, as chamadas pautas
bombas, que aumentariam o rombo no Orçamento em R$ 140 bilhões. “Vejam vocês
que, contra mim, praticaram sistematicamente a tática do quanto pior melhor. Pior
pro governo, melhor para a oposição. As pautas bombas chegaram, no ano passado,
a 140 bilhões.”
Em respostas a jornalistas, Dilma
afirmou que a sociedade não gosta de traidores e reclamou de como a tática foi
utilizada de forma explícita dentro do seu governo. “É estarrecedor que um
vice-presidente, no exercício de seu mandato, conspire abertamente contra a
presidenta. Em nenhuma democracia do mundo uma pessoa que fizesse isso seria
respeitada, porque cada um de nós sabe a injustiça e a dor que se sente quando
se vê a traição no ato”.
Sobre uma eventual ação recorrendo ao
Superior Tribunal Federal por não terem sido citadas as pedaladas pelos
congressistas, a presidenta não disse que sim, nem que não. “Nós não vamos
abrir mão de nenhum instrumento que temos para defender a democracia. Não se
trata de judicializar o processo, mas de exercer, em todas as dimensões e
consequências, o direito de defesa”.
Confira a íntegra da entrevista da presidenta
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