Objetivo
é arrecadar R$ 10,4 bi este ano com a alta do PIS/Cofins; alíquota para
gasolina vai mais que dobrar
Eduardo Rodrigues, Anne Warth e Idiana
Tomazelli
O Estado de S.Paulo
A área econômica do governo anunciou,
por meio de nota, o aumento das alíquotas do PIS/Cofins sobre os combustíveis
para tentar arrecadar R$ 10,4 bilhões a mais neste ano. Mesmo assim, ainda será
necessário cortar R$ 5,9 bilhões em despesas para fazer frente ao rombo que
existe hoje no Orçamento sem colocar em risco o cumprimento da meta fiscal
deste ano, de déficit de R$ 139 bilhões.
A ampliação do corte ocorre em meio às
reclamações de diversos órgão que estariam estrangulados pela falta de
recursos. Alguns deles, como as polícias federal e Rodoviária Federal, chegaram
a ameaçar paralisar seus serviços. O valor total do contingenciamento em vigor
neste ano subirá para R$ 44,9 bilhões, superando inclusive o bloqueio inicial
anunciado no fim de março, de R$ 42,1 bilhões.
A nota foi divulgada de maneira conjunta
pelos ministérios da Fazenda e do Planejamento, depois de o ministro da
Fazenda, Henrique Meirelles, confirmar na portaria da sede da pasta em Brasília
que haverá aumento de tributos. As medidas anunciadas pretendem ajudar o
governo em R$ 16,3 bilhões para o alcance da meta.
A alíquota do PIS/Cofins para a gasolina
mais que dobrará, passando dos atuais R$ 0,3816 por litro para R$ 0,7925 por
litro. A estimativa de arrecadação com o aumento é de R$ 5,191 bilhões até o
fim do ano. Já a alíquota para o diesel subirá de R$ 0,2480 por litro para R$
0,4615 por litro do combustível, com reforço de receitas de R$ 3,962 bilhões ao
Tesouro até o fim do ano.
O aumento do PIS/Cofins para os
produtores de etanol será menor, passando de R$ 0,1200 por litro para R$ 0,1309
por litro, com impacto de apenas R$ 114,90 milhões na arrecadação. Na
distribuição do etanol, o PIS/Confis estava zerado, mas voltará a ser cobrado
em R$ 0,1964 por litro, com uma receita esperada de R$ 1,152 bilhão ainda este
ano.
“O aumento das alíquotas do PIS/Cofins
sobre combustíveis é absolutamente necessário tendo em vista a preservação do
ajuste fiscal e a manutenção da trajetória de recuperação da economia
brasileira”, afirmaram as pastas. O presidente Michel Temer já assinou o
decreto que eleva as alíquotas.
Desde ontem, fontes do governo admitiam
que um aumento de impostos teria “impacto político”, justamente no momento em
que Temer tenta angariar votos para derrotar a denúncia contra ele no Congresso
Nacional. A ampliação do corte em meio às reclamações dos ministérios por falta
de recursos deve ampliar ainda mais esse impacto.
A equipe econômica espera compensar esse
bloqueio adicional com o recolhimento de receitas extraordinárias previstas
para o segundo semestre. No entanto, economistas e o próprio Tribunal de Contas
da União (TCU) já alertaram o governo para a incerteza que ronda essas
receitas.
O relatório de avaliação de receitas e
despesas primárias, com o detalhamento do contingenciamento, será divulgado
amanhã (21), pelo Planejamento e pela Receita Federal. O ministro da Fazenda
viaja ainda hoje para Mendoza, na Argentina, onde participará da cúpula do
Mercosul.
Nenhum comentário:
Postar um comentário