Temer
ficou espremido entre duas realidades: de um lado, as contas não fecham e, de
outro, a base aliada está cada vez mais voraz.
Por Eliane Cantanhêde
O Estado de São Paulo
Aumentar taxas, impostos e tributos em
geral é coisa para governos fortes politicamente, com apoio garantido da
sociedade, dos setores produtivos e do Congresso Nacional. Convenhamos, não é
este o caso do presidente Michel Temer, que convive com um índice de
popularidade de apenas um dígito e enfrenta uma guerra insana contra a denúncia
do procurador geral da República, Rodrigo Janot.
Portanto, a decisão de aumentar impostos
justamente num momento político tão delicado exige muita coragem, além da
certeza de que as contas públicas continuam num buraco sem fim, com a
arrecadação claudicante e os gastos serelepes. Temer e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles,
devem se preparar para a rebordosa a partir de agora.
A reação deve vir de três frentes: da oposição,
da própria base aliada ao Planalto e da sociedade _ do chamado “cidadão comum”,
e talvez principalmente, do setor produtivo, que não apenas sofre bastante com
a crise como tem dado sustentação desde a primeira hora ao governo Temer. Tudo
isso a treze dias da votação da denúncia de Janot contra Temer no plenário da
Câmara.
Além do peso negativo da expressão
“aumento de impostos”, que dispensa apresentação mesmo para a camada da
população com menor escolaridade, há um outro prato cheio para as críticas à
medida: enquanto aumenta os impostos da maioria, o governo abre os cofres para
agradar os deputados que vão decidir, em dois de agosto, o destino de Temer.
Temos, portanto, que Temer ficou
espremido entre duas realidades: de um lado, as contas não fecham e, de outro,
a base aliada está cada vez mais voraz. Por isso, resolveu tentar conciliar o
pragmatismo na economia com o pragmatismo na política. Dará certo? As próximas
semanas e meses dirão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário