Poucos
dias depois de se safar da denúncia de corrupção passiva na Câmara dos
Deputados, numa operação que custou R$ 13,4 bilhões ao País, entre emendas e
outros favores aos parlamentares, Michel Temer já comemora, por antecipação, a
saída de Rodrigo Janot da procuradoria-geral da República em setembro; será que
a sangria foi estancada?
do Brasil 247
Aparentemente, Michel Temer conseguiu
estancar a sangria da Operação Lava Jato. Em entrevista ao jornal Estado de S.
Paulo, seu mais fiel aliado na mídia, ele já comemora, por antecipação, a saída
de Rodrigo Janot da Procuradoria-Geral da República.
Segundo Temer, ao denunciá-lo, assim
como a outros integrantes de seu governo, como Eliseu Padilha e Moreira Franco,
Janot agia como político.
"Sabe quando o procurador fez isso,
embora esse processo esteja correndo há três anos? Às vésperas da votação do
Congresso, o que está a significar que, na verdade, ele passou a ter uma
atuação muito mais de natureza política, e quase pessoal, do tipo 'quero ver
qual é o time que ganha', e não a sua função institucional. Não se trata de
disputas pessoais. Nem ele deve ter disputa pessoal com o presidente da
República, muito menos eu terei com ele. Jamais lhe daria essa satisfação.
Lamento é que ele, a todo momento, anuncie que vai fazer uma nova denúncia,
baseada nos mesmos fatos. É um gestual político, institucionalmente
condenável", disse Temer.
Janot alega que investiga fatos – e não pessoas
– e lembra que as provas do caso JBS, como as malas de dinheiro entregues a
Rodrigo Rocha Loures e prepostos do senador Aécio Neves (PSDB-MG), são
irrefutáveis. E Temer não menciona que sua salvação custou R$ 13,4 bilhões ao
País, em favores aos deputados.
Temer disse ainda que vai seguir com
suas reformas, rechaçadas por uma população em que só 4% o apoiam, e prevê que
terá o apoio do PSDB. "Mas será que eles votam contra o Brasil? Eu não
acredito que eles votem contra o Brasil", afirmou.
Ele também disse não temer as delações
de Lúcio Funaro e Eduardo Cunha. "As pessoas estão cansadas disso.
Primeiro, não conheço Lúcio Funaro, segundo, não sei o que ele vai dizer.
Portanto, não posso falar sobre hipóteses. Não tenho nenhuma preocupação com
isso. Eduardo Cunha, sim, foi líder do PMDB, foi presidente da Câmara. Às vezes
me perguntam, como é que você falava com ele? Meu Deus, estou falando com o
líder do PMDB, com o presidente da Câmara... E eu não devo falar com
ele?", questionou.
Ele afirmou ainda que a chegada de
Raquel Dodge à PGR dará "rumo correto" à Lava Jato. "Ninguém
nunca pretendeu destruir a Lava Jato. Eu não ouvi o depoimento de nenhum agente
público que dissesse vamos paralisar a Lava Jato, ninguém. Muito menos de
ministros do Supremo ou membros da Procuradoria ou do governo. Ninguém disse
isso."
Romero Jucá, um dos principais aliados
de Temer no golpe de 2016, confessou que o grande objetivo sempre foi estancar
a sangria.
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