O deputado federal Márcio Jerry quer
convocar o general Augusto Heleno para esclarecer espionagem contra a CNBB e em quer a pauta
da Igreja ameaça a soberania nacional
Por Raimundo Garrone
A iniciativa do deputado maranhense é
relevante para mostrar ao general que no papel de ministro ele é obrigado a se
submeter às decisões da Câmara, caso o requerimento seja aprovado, e apresentar
explicações da espionagem do governo às atividades da CNBB e ao Sínodo da Amazônia
que a Igreja Católica de todo o mundo realizará em outubro em Roma.
O requerimento do deputado maranhense
também será um teste para o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM), reeleito
para o cargo com o apoio do PCdoB e do PDT, diante desse grave atentado às
liberdades individuais.
Maia é fundamental para a aprovação do
requerimento diante de um plenário, cuja a maioria tende a defender o governo
Bolsonaro e pouco se importa com a proteção efetiva da Amazônia, de quilombolas
e de índios ameaçados pela insanidade bolsonarista.
Padres enfrentam a cavalaria militar
durante a missa de sétimo dia do estudante Edson Luís de Lima Souto assassinado
em março de 68 por um policial durante manifestações no Rio
Ou se contém o general agora ou ninguém
mais conseguirá evitar a inaceitável volta da doutrina de segurança nacional da
ditadura, como bem alertou o governador do Maranhão, Flávio Dino.
Em nota divulgada no domingo, o GSI
revelou a preocupação com alguns pontos da pauta do Sínodo e que parte dos temas
“tratam de aspectos que afetam, de certa forma, a soberania nacional”.
O general trata a Igreja Católica como
uma inimiga interna não só pela possibilidade de liderar a oposição às
propostas do governo contra os interesses da população mais pobre do País, mas
também pelo papel fundamental que ela desempenhou na luta contra à ditadura
militar e na defesa dos direitos humanos.
Nas palavras do saudoso arcebispo de
Olinda, dom Helder Câmara, a explicação para o comportamento do general com as
pautas sociais defendidas pela CNBB:
“Quando dou comida aos pobres, me chamam
de santo. Quando pergunto porque eles são pobres, chamam-me de comunista”.
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