Ao
ser questionado se teria comprovante do empréstimo que diz ter feito a Queiroz,
o presidente respondeu a um repórter do jornal O Globo
O presidente Jair Bolsonaro reagiu com
agressividade nesta sexta-feira (20) ao ser questionado pela imprensa sobre as
suspeitas em torno do gabinete de seu filho Flávio Bolsonaro quando esse era
deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio.
O pivô da investigação é Fabrício
Queiroz, policial militar aposentado que era assessor de Flávio. A origem da
relação de Queiroz com a família Bolsonaro é o presidente da República. Os dois
se conhecem desde 1984 e pescavam juntos em Angra dos Reis.
Queiroz depositou R$ 24 mil na conta da
primeira-dama Michelle Bolsonaro em 2016. O presidente afirma se tratar de
parte da quitação de um empréstimo de R$ 40 mil.
Na manhã desta sexta-feira, ao ser
questionado se teria comprovante do empréstimo que diz ter feito a Queiroz, o
presidente respondeu a um repórter do jornal O Globo: "Oh rapaz, pergunta
para a tua mãe o comprovante que ela deu para o teu pai, tá certo?"
Em seguida, Bolsonaro se dirigiu a outro
profissional.
"Você tem a nota fiscal desse
relógio no teu braço? Não tem. Você tem nota fiscal do teu sapato? Você tem do
teu carro, o documento. Tudo para o outro lado tem que ter nota fiscal e
comprovante. Eu conheço o Queiroz desde 1985, nunca tive problema. Pescava
comigo, andava comigo no Rio de Janeiro. Tinha que ter segurança comigo, andava
com meu filho. Se ele fez besteira, responda pelos atos dele", concluiu o
presidente.
A entrevista de Bolsonaro em frente ao
Palácio da Alvorada foi marcada por hostilidades e provocações aos jornalistas
presentes, tanto por parte do mandatário quanto por parte de um grupo de
apoiadores que o saudava no local.
O mesmo repórter perguntou em seguida
sobre os desdobramentos da investigação do Ministério Público do Rio sobre
Flávio. Bolsonaro respondeu mais uma vez de forma agressiva: "Você tem uma
cara de homossexual terrível, nem por isso eu te acuso de ser homossexual. Se
bem que não é crime ser homossexual", retrucou o presidente.
Neste ano, o STF (Supremo Tribunal
Federal) concluiu julgamento que enquadrou a homofobia e a transfobia na lei
dos crimes de racismo até que o Congresso Nacional aprove uma legislação sobre
o tema.
Hoje Bolsonaro nega que seja homofóbico
e contra os gays. Em 2011, ainda como deputado, disse o seguinte: "Seria
incapaz de amar um filho homossexual. Não vou dar uma de hipócrita aqui.
Prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por
aí."
O Ministério Público do Rio afirma que
Flávio lavou até R$ 2,3 milhões com transações imobiliárias e com sua loja de
chocolates em um shopping da Barra da Tijuca, zona oeste da cidade. As
operações tiveram como semelhança o uso de grande quantidade de dinheiro vivo.
Para a Promotoria, a origem desses
recursos em espécie é o esquema de "rachadinha" no antigo gabinete do
senador na Assembleia, operado por Queiroz.
Sobre uma das suspeitas, Bolsonaro
repetiu o filho, disse que "ninguém lava dinheiro em franquia" e
atacou o MP estadual, o juiz do caso e o governador do Rio, Wilson Witzel.
"As franquias são controladas, não é o cara abre a franquia e a matriz
abandona. Ninguém lava dinheiro em franquia", declarou o presidente.
A Kopenhagen afirmou, em nota, que não
realiza "nenhum tipo de auditoria fiscal com seus franqueados, que são
pessoas jurídicas totalmente independentes da franqueadora".
"A marca afirma que possui um amplo
manual de normas e procedimentos operacionais, já que preza a padronização de
toda a rede de franquias e a garantia de qualidade. Esses aspectos operacionais
são auditados pelo grupo a fim de preservar os atributos do ponto de venda,
mantendo a excelência dos processos", diz a nota da empresa.
Ainda nesta sexta-feira, ao se referir
aos altos valores apontados pelo MP-RJ, Bolsonaro comparou seu filho ao jogador
de futebol Neymar.
"Acusaram ele também de estar
ganhando mais na casa de chocolate. Quem leva mais cliente -e ele leva um
montão de gente importante pra lá- ganha mais. É a mesma coisa de chegar para o
Neymar [e perguntar]: 'Por que ele está ganhando mais do que os outros
jogadores?' Porque ele é mais importante. Não é comunismo."
A exemplo de Flávio, o presidente atacou
o juiz do caso, Flávio Itabaiana, pelo fato de o magistrado ter uma filha
trabalhando na Secretaria Estadual da Casa Civil.
"Você já viu o Ministério do
Público do Rio de Janeiro investigar qualquer pessoa ou ato de corrupção,
qualquer deslize de agente público do estado? É o estado mais corrupto do
Brasil. Vocês perguntaram para o governador Witzel por que a filha do juiz
Itabaiana está empregada com ele? E pelo o que parece, não vou atestar aqui, é
funcionária fantasma. Já foram em cima do Ministério Pública para ver se vai
investigar o Witzel?"
Em outro momento da entrevista a
jornalistas, Bolsonaro foi perguntado por um repórter se o governo pretendia
transferir a embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém.
"Você pretende se casar comigo um
dia? Não seja preconceituoso. Você não gosta de loiro de olhos azuis? Isso é
homofobia, vão te processar por homofobia", provocou Bolsonaro, para
depois dizer que houve recentemente a inauguração de um escritório da Apex
(Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) em Jerusalém.
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