Alberan de Freitas é
acusado do crime de tortura por amarrar e espancar jovem negro, no meio da rua,
na cidade de Portalegre (RN)
O
bolsonarista Alberan Freitas, comerciante que amarrou e espancou o jovem
quilombola Luciano Simplício na cidade de Portalegre (RN), foi preso pela
Polícia Civil na tarde dessa sexta-feira (17).
O
mandado de prisão preventiva, segundo a agência Saiba Mais, foi expedido pela
Comarca de Justiça de Portalegre, que também determinou a prisão de André Diogo
Barbosa, amigo de Alberan que também teria participado das agressões.
Enquanto
o comerciante foi encontrado no supermercado próximo onde se deu o espancamento,
Barbosa, que é servidor público, está foragido. Ambos são acusados do crime de
tortura.
O
caso, ocorrido no último sábado (11), chocou o país a partir de vídeo que veio
à tona na segunda-feira (13). Nas imagens, Alberan, que é bolsonarista, aparece
pisando no jovem quilombola Luciano Simplício, que estava amarrado e implorando
por ajuda.
Segundo
informações obtidas pela Fórum, Luciano está em situação de rua desde que
perdeu os pais. O jovem teria jogado pedras no mercado de Alberan em reação a
ataques verbais feitos pelo bolsonarista, o que teria levado o comerciante a
amarrar o quilombola e arrastá-lo pelo chão.
A
Polícia Civil havia começado a tratar o caso como crime de tortura na última
terça-feira (14).
“As
imagens que circulam nas redes sociais são chocantes, considerando que a pessoa
que fez a detenção do suspeito utilizou de força bruta. Ele chegou a deter o
suposto autor do crime e, a partir dali, cometeu agressão contra o mesmo. O
crime cometido será rigorosamente apurado pela Polícia Civil. A princípio, se
veem ali elementos de tortura”, afirmou a delegada Ana Cláudia Saraiva.
“A
Polícia Civil irá investigar com todo o rigor se, naquela circunstância,
naquela situação, materializou o crime de tortura em concurso material racismo
e preconceito. Estamos acompanhando as investigações e iremos adotar todas as
providências de acordo com as penas previstas em lei e encaminhar o fato ao
Judiciário o mais rápido possível”, disse ainda.
Antes,
a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), já havia se
pronunciado sobre o caso. “Determinei ao secretário de Segurança, coronel @CoronelAraujoPM,
e à delegada-geral da Polícia Civil, dra. Anna Cláudia, a apuração imediata e
rigorosa do caso que envolveu um quilombola em Portalegre e que deixou a todos
estarrecidos”, anunciou a governadora.
Segundo
ela, o “Governo do Rio Grande do Norte não será conivente e não compactuará com
manifestações eivadas de discriminação, intolerância, ódio e abusos de
quaisquer naturezas”.
A
deputada federal Natália Bonavides (PT-RN), que acompanha o caso de perto,
disse à Fórum que a prisão de Alberan “não põe fim ao caso”.
“É
importante não esquecermos que a prisão do comerciante bolsonarista que
espancou Luciano não põe fim ao caso. Ao mesmo tempo que é importante que ele
seja responsabilizado, é também fundamental que Luciano tenha o devido
acompanhamento dos órgãos da assistência social”, declarou.
“O aprimoramento e a criação de políticas que evitem que coisas do tipo voltem a acontecer é algo que da mesma forma não pode sair do nosso horizonte”, prosseguiu a parlamentar.
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