A
Polícia Militar realizou, no início da noite dessa terça-feira (14), a
apreensão de tratores usados para desmatar área da comunidade Tanque da
Rodagem, em Matões, a 478 km de São Luís.
Os
jagunços de empresários da soja conseguiram fugir e estão sendo procurados.
A
Sedihpop informou que, sem licença ambiental, os responsáveis responderão por
crime ambiental.
Mais
cedo, os moradores fizeram uma barreira na estrada como forma de protesto para
reivindicar a apreensão dos tratores e fiscalização ambiental na área.
Uma
equipe da Secretaria de Igualdade Racial (Seir) foi até o território, ao
encontro da barreira montada pela própria comunidade. Ao passar pela barreira, um
dos veículos que estava parado decidiu tentar passar e houve princípio de
tumulto. A Seir no local para dialogar com as comunidades.
Tensão
A
tensão e a violência no território quilombola Tanque da Rodagem, em Matões, já
duram quatro dias. Na manhã desta terça-feira (14), representantes da Secretaria
de Igualdade Racial do Maranhão foram impedidos pelos jagunços de terem acesso
à cidade.
Desde
o sábado (11), os quilombolas de Tanque da Rodagem e São João montaram um
acampamento em protesto ao desmatamento do Cerrado maranhense, onde vivem há
mais de 40 anos, por parte dos agricultores de soja. Já são quatro dias
impedindo que os jagunços se apropriem novamente dos tratores que devastaram a
região.
De
um lado da MA-262, que corta a o território, a comunidade interdita a via em
protesto ao desmatamento do bioma ocorrido no sábado, realizado com a técnica
devastadora dos "correntões". Eles impedem também que os jagunços se
apropriem novamente dos tratores responsáveis pela devastação. Do outro lado da
estrada, um grupo de jagunços armados inviabilizam a passagem dos moradores até
as suas casas e a sede do município.
Ontem (13), representantes da Defensoria Pública do Estado e da Promotoria, Keoma Celestino e Renato Ighor, estiveram no território e dialogaram com a comunidade. Desde o dia 3 deste mês, a DPE oficiou as Secretarias de Estado de Segurança e Meio Ambiente sobre o estado de tensão presente no território.
As lideranças comunitárias exigem a apreensão dos tratores que destruíram o Cerrado na região, a titulação do território quilombola e proteção das famílias que estão sofrendo ameaças.
A comunidade exige também a presença dos
representantes das Secretarias de Segurança Pública e Meio Ambiente para
averiguação dos crimes ambientais e outros crimes. Os representantes da DPE e
do Promotoria informaram que vão aguardar o posicionamento da Justiça.
Para
a coordenadora da CPT-MA, Lenora Rodrigues, que encontra-se no território em
conflito, a situação é insustentável.
“Os
jagunços estão armados e provocam os quilombolas a todo momento. É necessário
juntar forças pra cobrar do Governo do Estado a apreensão dos tratores que
destruíram o território. Eles tentaram fugir com as máquinas porque estavam
fazendo um desmatamento na reserva dos quilombolas sem nenhum licenciamento
ambiental ou autorização judicial e se tivesse a permissão ainda assim seria
crime ambiental porque eles destruíram uma reserva”, afirmou.
A
Comissão Pastoral da Terra no Maranhão, que acompanha a comunidade Tanque da
Rodagem, ingressou, no plantão de domingo (12), com pedido de liminar para ação
de Reintegração e Manutenção de Posse. A peça judicial contempla 12
solicitações em prol da comunidade (os três apresentados acima estão inclusos),
que luta pela titulação da terra, por meio de processo no Incra desde 2013. São
mais de 50 famílias que residem no território há mais de 40 anos.
De
acordo com informações da CPT/MA, a situação das comunidades e povos
tradicionais no Maranhão e país, é agravada pela expansão das fronteiras
agrícolas do Agronegócio pra monocultura de exportação.
A
destruição do bioma cerrado em Tanque da Rodagem tem no comando dois produtores
de soja oriundos do Paraná, Eliberto Stein e Silvano Oliveira. De acordo com
denúncias da comunidade, os dois patrocinam a invasão no território.
Sequência do caso Tanque da Rodagem
—
10/09 - Três tratores e homens contratados por um ruralista do Paraná invadiram
o território e derrubavam mata nativa, arvores frutíferas, roças usando o
"correntão" para arrasto da vegetação;
—
11/09 - A comunidade em resistência bloqueia a MA 262, em Matões, no Leste
Maranhense;
—
11/09 – Os quilombolas impedem os jagunços de se apropriarem dos tratores para
continuar com a destruição do Cerrado;
—
Homens armados ameaçam a comunidade na noite de sábado e bloqueiam a estrada.
Alguns guardas municipais estão envolvidos na ameaça e parecem estar
trabalhando para o ruralista;
—
Três quilombolas sofrem ameaças claras e diretas;
—
13/09 - A comunidade ainda aguarda a presença de representantes das Secretaria
de Segurança Pública e de Meio Ambiente, avisados desde sexta e pedidos
reiterados pela CPT e DPE;
—14/09
– Presença da Promotoria e da Defensoria Pública no território.
—14/09
– PM apreende tratores e faz buscas para prender os jagunços dos empresários da
soja
...............
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