"Eu sou da luta. Eles achavam que o caminho mais fácil pra mim - por ser mulher - era a renúncia. Não vou renunciar. O governo aí é de ricos e brancos. Não tenho conta no exterior, não cometi corrupção. Já me viraram do avesso. É um dever meu resistir e honrar os 54 milhões de votos", disse, agradecendo a multidão.
A presidenta afastada Dilma Rousseff voltou
a condenar o processo de impeachment nesta sexta-feira (15), na cidade de Teresina,
no Piauí. Na Praça Pedro II, no centro, Dilma discursou por mais de 20 minutos. Em suas palavras voltou a dizer que é vítima
de um golpe e o comparou a uma árvore atacada por fungos e parasitas.
"Vamos imaginar que a democracia é uma árvore, quando ela é atacada você
tira o governo e o regime derrubando a árvore. Eles chamam de golpe frio. A
árvore é atacada por fungos e parasitas que corroem por dentro a
instituição", afirmou.
Dilma disse que ninguém no Brasil
elegeria um governo que corta recursos da educação e saúde e pensa em aumentar
a jornada de trabalho para 80 horas. "Alguém votou que a saúde e educação
não teriam recurso para atender os jovens e crianças? Ninguém aqui concorda que
o SUS tem que ser substituído por um plano de saúde que não cobre o básico. Eles
têm dito que no orçamento deles não cabe o SUS. Não somos a favor desse absurdo
que falaram de aumentar a jornada de trabalho. As pessoas não vão comer.
Através de uma eleição direta nenhum de nós os elegeriam para qualquer cargo,
imagina para presidente da República", declarou, citando a Constituição.
"Essa é a chave que querem o golpe,
já que todo poder emana do povo. Ele (Temer) detesta falar em golpe. É uma
palavra forte. Tem o poder de esclarecer. Tem uma imagem muito forte",
acrescentou.
Segundo a presidente, a estratégia era
fazê-la renunciar por ser mulher e disparou contra o governo interino ao se
referir que seus integrantes são ricos e brancos. "Eu sou da luta. Eles
achavam que o caminho mais fácil pra mim - por ser mulher - era a renúncia. Não
vou renunciar. O governo aí é de ricos e brancos. Não tenho conta no exterior,
não cometi corrupção. Já me viraram do avesso. É um dever meu resistir e honrar
os 54 milhões de votos", disse, agradecendo a multidão.
"Essa manifestação aqui me dá força
e luz. Força porque tenho que lutar. Assim que eu voltar, vamos pacificar esse
país, não esse aí do salve-se quem puder. Somos capazes de construir um caminho
para voltar a crescer. Vou lutar em todas as frentes. Falem com seus vizinhos e
amigos para fortalecer a democracia. Eu conto com vocês. Eu agora sou
piauiense, teresinense", afirmou.
A presidente lamentou voltar ao Piauí
não para inaugurar obras, mas para alertar sobre a ameaça que estão fazendo à
democracia. "Infelizmente eu não estou vindo inaugurar uma obra ou
comemorar um programa. Vim aqui para lutar pela democracia e direitos sociais.
Eu prometo voltar para inaugurar novas obras. Essas que estão em andamento. Das
85 mil casas do Minha Casa, Minha Vida, entregamos 50 mil e as outras estão em
construção. Quero voltar aqui com o Wellington para lançar mais casas. Quero
inaugurar a continuação do projeto Bocaina-Piaus. Eu quero voltar para as obras
de mobilidade urbana", elencou.
"Hoje temos que discutir a questão
da democracia no país. Estão mexendo nas regras do jogo com o jogo em
andamento. Estão para ganhar do time expulsando os jogadores. Querem ganhar no
tapetão. É um golpe, pois não tem crime de responsabilidade. O Ministério
Público disse que não tem pedalada. Tirando as da bicicleta que eu ando, não
tem pedalada. Eu acho grave é que estão tomando medidas de cunho permanente em
um governo provisório. Se eu não voltar vão ficar permanentes", concluiu.
O governador Wellington Dias afirmou em
seu discurso que Dilma sempre será presidenta para o Piauí e exaltou sua
história. "Essa mulher nos orgulha
muito pela sua história e como presidenta do povo brasileiro. A gente vinha do
aeroporto com vidro aberto, a gente via o carinho com ela", afirmou.
"Em cada município desse estado tem
a presença do governo Dilma Rousseff. Eu posso dizer, para o Piauí que a
senhora permanece presidente da república, sei da importância do que foi o
governo Lula", acrescentou.
Wellington criticou o governo federal e
ressaltou que estão criando um muro da vergonha no país. "O que se quer
fazer nesse país é um muro da vergonha, onde os ricos querem tirar dinheiro dos
que mais precisam. É um golpe contra o povo. Veja o que acontece agora com o
fim do ministério das mulheres e do desenvolvimento agrário. Temos que lutar
para nossos avanços", disse, citando a Constituição.
"Todo poder emana do povo e é com o
povo que nós estamos e queremos a senhora de volta. Vamos derrubar o golpe no
Senado Federal e fazer um projeto que pensa no Brasil", acrescentou.
Eufórico, Wellington Dias ressaltou a
força da presidente. "Dilma recebeu o golpe e não se matou, não renunciou.
É uma guerreia do povo brasileiro", concluiu.
Com informações do site Cidade Verde
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