Rádio Voz do Maranhão

domingo, 9 de dezembro de 2018

Dois líderes do MST são mortos a tiros por encapuzados em acampamento na Paraíba


Crimes foram registrados no acampamento Dom José Maria Pires, em fazenda na cidade de Alhandra na noite de sábado (8).

Com informações do G1 PB

Dois homens integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra na Paraíba (MST-PB) foram assassinados a tiros na noite de sábado (8) no acampamento Dom José Maria Pires, na cidade de Alhandra, na Região Metropolitana de João Pessoa. José Bernardo da Silva, conhecido como Orlando, e Rodrigo Celestino foram mortos por homens encapuzados e armados, de acordo com informações repassadas pelo MST.

A Polícia Militar confirmou o duplo homicídio. De acordo com o major M. Lima, comandante da 1ª Companhia Independente de Polícia Militar, que responde pela área onde ocorreu o crime, equipes da PM estão realizando buscas neste domingo (9) para localizar suspeitos de envolvimento com os homicídios.

Conforme nota oficial divulgada pelo MST-PB, o crime ocorreu por volta da 19h30 no acampamento que fica na fazenda Garapu, ocupada pelas famílias desde julho de 2017. José Bernardo da Silva e Rodrigo Celestino estavam jantando no momento em que os homens encapuzados entraram no local atiraram várias vezes.

O major M. Lima explicou que segundo as testemunhas do crime, os homens tinham camisas amarradas na cabeça e estavam pelo menos com duas armas de calibres diferentes.

“As armas usadas não eram automáticas ou semiautomáticas, provavelmente, de acordo com as cápsulas encontradas no local, usaram uma espingarda, calibre 12 ou 26, e um revólver calibre 38”, relatou o comandante da Polícia Militar de Alhandra.

Ainda de acordo com o major, as Polícias Civil e Militar trabalham em conjunto para localizar os suspeitos com base em informações repassadas por moradores da região. “Estamos trabalhando com algumas informações, as polícias já têm linhas de investigação, seguimos fazendo buscas neste domingo”, comentou.

A delegada do caso, Lídia Veloso, relatou que o crime é tratado, a princípio, como execução, porque os atiradores mandaram as outras pessoas se afastarem e atiraram somente nas duas vítimas. "Falaram que queriam só eles, mandaram os outros saírem do meio, renderam e atiraram. Por isso trabalhamos com execução", explicou. Lídia Veloso também comentou que as motivações do crime seguem em investigação, mas adiantou que não se tratou de briga de bar.
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"Ainda não sabemos realmente o que matou os executores. Eles moravam no acampamento, que é uma área invadida. Temos várias linhas de investigação, mas até o momento, nenhuma confirmada", avaliou a delegada.

A Polícia Militar informou que não foi possível determinar a quantidade de tiros que feriram e levaram à morte os dois integrantes do MST. A delegada Lídia Veloso relatou que em pelo menos uma das vítimas foram três disparos.

Velório e homenagens

Os corpos foram examinados no local e encaminhados para o Instituto de Polícia Científica (IPC) em João Pessoa e liberados na manhã deste domingo (9), de acordo com o MST. O corpo de José Bernardo da Silva vai ser velado a partir das 14h deste domingo na capela Nossa Senhora de Aparecida, no assentamento Zumbi dos Palmares, na cidade Mari, a cerca de 60 km de João Pessoa.

O corpo de Rodrigo Celestino vai ser velado em João Pessoa, no entanto o local não foi informado pelos familiares da vítima. A cerimônio deve ser restrita a amigos e familiares.

Em nota, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra pede justiça e punição aos culpados. Leia um trecho:

Exigimos justiça com a punição dos culpados e acreditamos que lutar não é CRIME. Nestes tempos de angústia e de dúvidas sobre o futuro do Brasil, não podemos deixar os que detém o poder político e econômico traçar o nosso destino. Portanto, continuamos reafirmando a luta em defesa da terra como central para garantir dignidade aos trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade.

Justamente dois dias antes das comemorações do Dia Internacional dos Direitos Humanos, 10 de dezembro, são assassinados de forma brutal dois trabalhadores Sem Terra. Neste sentido, convocamos a militância, amigos e amigas, aos que defendem os trabalhadores e trabalhadoras, denunciar a atual repressão e os assassinatos em decorrências de conflitos no campo.

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