A crise que envolve o ministro Gustavo
Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência, tem como origem a suspeita de que
o PSL, partido de Bebianno e do presidente Jair Bolsonaro, usou candidaturas
laranjas nas últimas eleições.
Um levantamento do Jornal Nacional
revela que ao menos 51 candidatos a deputado federal e estadual, de 18
partidos, podem ter servido como laranjas para que as legendas desviassem
recursos de fundos públicos.
Até hoje tem cartaz de candidato
espalhado pelas ruas. No Maranhão, teve candidato que usou dinheiro público
para confeccionar mais santinhos de campanha do que a população do estado
inteiro.
O estado tem sete milhões de habitantes.
Em São José de Ribamar, na região metropolitana de São Luís, a candidata a
deputada estadual Marisa Rosas, do PRB, mandou fazer nove milhões de santinhos.
De acordo com prestação de contas à Justiça Eleitoral, ela gastou quase R$ 600
mil com campanha. Teve apenas 161 votos.
Além dos milhões de santinhos, ela
confirmou que mandou fazer 1,250 milhão de bottons.
Perguntada se era muito material para
pouca gente, Marisa Rosas respondeu: “Pode se dizer que sim, se você está
mensurando a quantidade do Maranhão, pode até se dizer. Mas na hora, a gente
não trabalha somando. A mesma coisa do santinho”.
Marisa Rosas disse que confiou nos
colegas de partido do PRB para contratar as três gráficas que receberam só dela
R$ 540 mil. Marisa disse que confiou na gráfica.
“Não só na gráfica, porque a gráfica
mandava entregar no diretório, na central do partido”.
Uma das gráficas fica em Tuntum, a 450
quilômetros de São Luís. Lá, segundo a prestação de contas, Marisa pagou R$ 460
mil. A gráfica, que pertence a um filiado ao partido, recebeu outros R$ 580 mil
para confeccionar material de campanha para o deputado federal Cléber Verde,
presidente do diretório estadual do PRB.
Cabe ao presidente do diretório
participar da decisão sobre onde são aplicados os recursos eleitorais.
O dinheiro que financia as campanhas
políticas vem de dois fundos: o partidário banca a estrutura dos partidos e
também candidaturas e distribuiu R$ 888 milhões aos partidos em 2018; o fundo
eleitoral, criado após a proibição das doações por empresas, deu mais de R$ 1,7
bilhão. Tudo dinheiro público, mais de R$ 2,6 bilhões – dinheiro do contribuinte
que vai para as mãos de milhares de candidatos.
O deputado federal Cléber Verde, do PRB,
declarou que os recursos da cota de mulheres foram usados única e
exclusivamente nas campanhas delas; que a gráfica foi escolhida pela qualidade
e pelo preço acessível; que Marisa das Rosas é militante do partido; e que o
resultado de uma eleição é imprevisível para qualquer candidato.
O TRE do Maranhão declarou que a
prestação de contas de Marisa Rosas está sendo analisada.
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