"Uma análise mais serena dos fatos
mostram que não há elementos que possam caracterizar a prática de qualquer
crime por parte do presidente Lula", avalia o governador do Maranhão,
Flávio Dino (PCdoB), ao comentar denúncias referentes a um sítio em Atibaia
(SP).
Jurista, Flávio Dino afirma ver
elementos "insuficientes para levar a uma ação penal viável"
Por Hylda Cavalcanti, da Rede Brasil
Atual
Brasil 247
Nem todos os governadores alinhados e
apoiadores do governo Dilma Rousseff estão favoráveis à recriação da
Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) da forma como está
sendo proposto como têm propagado integrantes do Executivo – principalmente a
equipe econômica – e parlamentares do PT e das demais legendas da base aliada
no Congresso. Nesta quinta-feira (11), o governador do Maranhão, Flávio Dino
(PCdoB), afirmou que considera muito difícil o novo tributo passar no Congresso
da forma como está sendo proposto. E destacou que ele próprio é um dos que
defendem uma discussão mais ampla sobre medidas de ajuste, que incluam a
tributação de grandes fortunas e do capital financeiro.
A fala de Dino, que vai no mesmo
compasso do que tem sido defendido por representantes de várias centrais
sindicais e movimentos sociais, tem um peso político maior porque é ele quem
tem capitaneado, desde o ano passado, cartas de apoio e moções diversas de
defesa da governabilidade e de maior entendimento e diálogo da classe política
com Dilma e o Palácio do Planalto.
De acordo com o governador, "é
inadiável a discussão das necessidades fiscais do país, com avaliação de
sistemas de tributação de patrimônios e movimentações financeiras, ao lado da
CPMF".
Numa quinta-feira após o carnaval, e
numa Esplanada dos Ministérios praticamente vazia, Dino – que antigos
companheiros de Congresso Nacional consideram ser "político do tipo
trabalhador – teve audiência com o ministro do Planejamento, Waldir Simão, com
quem conversou sobre projetos para o Porto de Itaqui.
Nesta entrevista à RBA, o governador
falou também sobre o processo de impeachment da presidenta e as acusações
feitas ao ex-presidente Lula.
Leia a íntegra:
Como
o senhor avalia o discurso oposicionista de que daqui por diante vão ser
intensificados os trabalhos pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff?
O impeachment passar no Congresso é
altamente improvável por uma série de razões, sobretudo em razão da decisão do
Supremo, que evitou qualquer tipo de manobra inconstitucional. É improvável, em
segundo lugar, em razão de o Congresso nunca ter examinado as contas da
presidenta relativas a 2014, portanto, as supostas pedaladas fiscais.
Na medida em que há um mero parecer do
TCU (Tribunal de Contas da União) e o governo quitou as dívidas apontadas pelo
tribunal, isso desaparece como causa possível, que supostamente poderia levar
ao impeachment. E, em terceiro lugar, porque o governo, apesar das
dificuldades, conseguiu recompor uma base política suficiente para barrar no
Congresso iniciativas dessa natureza.
O
senhor acredita que o governo conseguiu aparar as arestas? Acha, de fato, que o
Congresso que inicia as atividades agora dará mais apoio à presidenta Dilma,
mesmo com toda a divisão que tem sido observada no PMDB?
Só o fato de haver a confusão no PMDB já
é um bom sinal, porque num certo momento do ano passado, entre outubro e
novembro, eles (os peemedebistas) falavam em alinhamento em bloco do partido
com a oposição. E isso seria um complicador grave.
Mas na medida em que há uma disputa e
que provavelmente a tendência mais forte é de recondução do líder Leonardo
Picciani (RJ) na Câmara, ou pelo menos, de afirmação de um segmento ou de um
polo da bancada peemedebista numa posição de sustentação do governo, isso dá
mais tranquilidade parlamentar para o Executivo. Mesmo que o PMDB permaneça num
quadro de divisão.
Como
o senhor vê as acusações e o fogo cerrado que têm sido montado contra o
ex-presidente Lula?
Qualquer tipo de ofensiva quanto à
imagem ou liderança efetiva do presidente Lula é complicador para o campo
parlamentar porque cria um tema, um debate. Mas acho que é um tema que tende a
se exaurir, porque os fatos até aqui apontados, a meu ver, são insuficientes
para levar a uma ação penal viável.
Há muita especulação, muito
emocionalismo por parte dos que o atacam nisso. Mas uma análise mais serena dos
fatos mostram que não há elementos que possam caracterizar a prática de
qualquer crime por parte do presidente Lula.
Em
relação à CPMF, o senhor acredita que os governadores estão apoiando mesmo a
recriação desse tributo ou há muito oportunismo nas declarações de apoio?
A proposta de recriação da CPMF é muito
difícil de prosperar, não tenha dúvida. Acho que precisamos colocar o debate em
outros termos. Eu particularmente tenho insistido na necessidade de termos uma
abordagem mais ampla na questão do financiamento da seguridade social, abranger
outras ideias.
Sobretudo aquela questão da temática da
tributação de grandes fortunas. Acho que uma tributação sobre movimentações
financeiras deve estar agregada à tributação sobre movimentações de grandes
fortunas. Ao mesmo tempo em que se busque, também, tributar de modo mais justo
as riquezas.
Infelizmente, sabemos que nosso sistema
tributário é muito regressivo e os altos lucros anunciados pelos bancos mostram
a relevância, o quanto é inadiável nós discutirmos também a tributação sobre o
capital financeiro.
O
primeiro semestre deve ser de muito debate sobre a CPMF?
O que eu acho é que colocar a CPMF como
tema único do debate acerca de necessidades fiscais, inclusive, não é o melhor
caminho. Me agrada mais a ideia de que tenhamos um debate um pouco mais
ampliado e que haja progressividade tanto da tributação dos patrimônios quanto
das movimentações financeiras, de modo que sejam preservadas a classe média e os
trabalhadores e possamos fazer essas contribuições com um caráter mais
progressivo.
Nós temos de buscar um outro caminho,
buscar outras alternativas. É muito difícil imaginar que o atual Congresso
aprove a CPMF desvinculada de projetos mais amplos.
O
senhor tratou sobre isso com o ministro do Planejamento? Qual foi a pauta da
audiência?
Não tratei. Nossa conversa foi só sobre
o Maranhão, temas de interesse do estado, investimentos na área do PAC
(Programa de Aceleração do Crescimento), tanto o PAC 1 como o PAC 2, e também o
Porto de Itaqui. Nós temos interesse no Programa de Investimento em Logística
(PIL), que prevê que duas áreas do Porto de Itaqui sejam alvo de uma licitação
para que haja investimentos privados.
E eu vim reafirmar o interesse do estado
para que haja, de fato, essa licitação. Vai fortalecer ainda mais a
competitividade deste porto, que já é o porto principal do Arco Norte do país.
O
ex-presidente José Sarney, a cujo grupo o senhor faz oposição ferrenha no
Maranhão, tem sido muito procurado pelo governo federal e pelos peemedebistas
nos últimos meses para discutir crises. Essa procura não é maior do que o
esperado ou merecido?
Ele é uma liderança do PMDB, isso é
indiscutível. E acho legítimo que os aliados, sobretudo do PMDB, que é o
partido dele, o considerem, ouçam sua opinião. Apenas me parece que cabe a nós,
da esquerda política do país, encontrar caminhos que não sejam uma pactuação à
direita, como infelizmente esses setores propõem.
Para que a chamada "Ponte para o
Futuro" (nome do documento lançado pelo PMDB no ano passado com sugestões
para o desenvolvimento do país e que prometeu ter itens acolhidos pelo
Executivo) não termine se transformando num projeto que, em vez disso, aponte
para o passado.
Ao contrário que pensa a sua Excelência o Governador Flávio Dino, o LULA vai para a CADEIA na mesma cela do seu mentor: JOSÉ DIRCEU!
ResponderExcluirLUIZ FREITAS PIRES DE SABOIA
OAB/DSF 3679