Apesar
de ter anunciado que vai recorrer da decisão de Marco Aurélio Mello, o
presidente da Câmara decidiu acatar parcialmente a determinação do ministro do
STF
JULIA LINDNER - O ESTADO DE S.PAULO
BRASÍLIA - Apesar de ter anunciado que
vai recorrer da decisão de Marco Aurélio Mello, o presidente Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) decidiu acatar parcialmente a determinação do ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF) para ganhar tempo. Nesta quarta-feira, 6, Cunha enviou
um ofício aos líderes partidários pedindo a indicação de integrantes para a
comissão especial que analisará o pedido de impeachment do vice-presidente da
República, Michel Temer.
Cunha já adiantou que não instalará o
colegiado se os parlamentares não indicarem os nomes, porém o documento enviado
hoje não estipula nenhum prazo para os líderes responderem ao pedido de
indicação. Nos bastidores, há um acordo entre o peemedebista e membros da
oposição para postergar a instalação da comissão especial enquanto o recurso do
presidente da Casa é analisado no STF. O recurso do peemedebista no Supremo
deve ser protocolado nesta quinta-feira, 7. Segundo interpretação da
Secretaria-geral da Mesa, mesmo que os partidos se recusem a sugerir deputados
para preencher vagas, Cunha não pode interferir.
Ontem, Cunha disse que a oposição está
disposta a fazer obstrução em protesto à manifestação do ministro. Confirmando
a fala, o líder do DEM, Pauderney Avelino (AM), declarou que o partido não vai
indicar nenhum nome para a comissão porque não há nenhum membro do partido
disposto a assumir a posição. Pauderney disse que quer esperar um desfecho no
processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara. Outras siglas
devem fazer o mesmo.
Já o líder da Rede, Alessandro Molon
(RJ), disse que o partido já indicou os nomes para a comissão, que seriam os
mesmos do colegiado que analisa a denúncia de crime de responsabilidade contra
a presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, todos os 66 membros deveriam ser os
mesmos, pois "a base jurídica dos processos é igual". O titular da
Rede na comissão especial é o deputado Aliel Machado (PR). O líder do PR,
Maurício Quintella (AL), afirmou que ainda não foi comunicado oficialmente e
que não discutiu o assunto com os integrantes da legenda.
A decisão de Marco Aurélio foi cumprida
apenas em parte por Cunha, que não aceitou ler a decisão da criação da comissão
no plenário, como fez no processo de impeachment da presidente Dilma. Este é
considerado o ato formal que dá início ao prazo para os líderes indicarem os
nomes da comissão especial. Cunha argumentou que não faria a leitura porque
quem criou a comissão foi o ministro Marco Aurélio, e não ele. O presidente da
Câmara alegou ainda que a decisão do magistrado determina a instalação, e não a
criação do colegiado.
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