segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Testemunha do assassinato do empresário João Bosco, vereador Beto Castro volta a se licenciar do mandato

O empresário João Bosco, assassinado a tiros na Ponta d´Areia, e o vereador Beto Castro

Em seu pronunciamento, na sessão desta segunda-feira (19), na Câmara Municipal de São Luís, o vereador Beto Castro (Avante) anunciou mais uma vez licença do mandato, visando, segundo ele, dar oportunidade a mais um suplente.

Ele revelou que em seu lugar, a partir do dia 26, assumirá o suplente Manoel Filho, que obteve 914 votos na última eleição.

“Vou cuidar um pouco da vida e da campanha dos meus candidatos ao governo, Carlos Brandão, que trabalharemos para vencer no primeiro turno, e dos deputados que apoio”, disse Beto.

Com a saída de Beto Castro, assumirá, na próxima segunda-feira, o advogado e suplente de vereador Manoel Jose Mendes Filho, que tem atuação na região do São Cristóvão.

Após licença recente de 121 dias, Beto Castro tinha retornado suas atividades como vereador de São Luís no dia 24 de agosto. Em seu lugar, exerceu o mandato nesse período o suplente Anderson Martins.

O vereador Beto Castro presenciou o homicídio do empresário João Bosco Pereira Oliveira Sobrinho, de 46 anos, executado a tiros na porta do edifício Tech Office, no bairro Ponta D’Areia na capital.

O assassino, Gibson César, revelou que o crime foi motivado por exigência de 50% pelo vereador Beto Castro em pagamento de R$ 778 mil recebidos da Seduc.

O depoimento do vereador

Em depoimento à polícia, o vereador disse que marcou encontro com a vítima, a fim de resolverem “suas coisas do dia a dia”.

Ele afirmou que Bosco trabalhava esporadicamente para ele, e tinha “elevada estima e apreço pela vítima”, que fornecia cestas básicas para alguns vereadores da Câmara Municipal de São Luís.

Após resolverem algumas pendências, se deslocaram até o Tech Office, onde o vereador afirmou ter marcado um encontro com o assessor de um ex-deputado e ex-secretário de governo, candidato a deputado estadual nestas eleições. No entanto, a reunião não chegou a acontecer devido ao crime.

Já na Praça de Alimentação, Beto Castro relatou que encontrou com um amigo, que se juntou a eles em uma mesa e ficaram conversando sobre política. Em dado momento, a vítima avistou o suspeito, identificado por Gilbson Júnior, e teria dito: “Olha um vagabundo ali”, mas não soube dizer se o indivíduo chegou a ouvir o insulto.

O vereador disse que Bosco chamou Júnior para sentar-se à mesa com eles, e então começou a cobrar uma suposta dívida, fato que fez os ânimos se alterarem. Percebendo a tensão entre os envolvidos, o amigo de Beto Castro resolveu se despedir e foi embora.

A discussão prosseguiu, segundo depoimento do vereador, sem saber informar o valor da dívida. Bosco seguia cobrando Júnior de forma veemente, alegando que ele “não pagava porque não queria, pois se tratava de um vagabundo”.

Beto Castro afirmou que tentou acalmar os ânimos, sem sucesso, até que Gilbson Júnior resolveu se levantar e saiu caminhando, mas Bosco o seguiu e continuou com a cobrança em tom elevado. O vereador disse que percebeu que eles poderiam se agredir, e então resolveu agir como mediador entre os dois.

O vereador contou que estava convencendo Júnior a ir embora quando a vítima teria dito: “Rapaz, vagabundo igual a ti não paga nem se colocar uma pistola na boca”. Foi quando, conforme consta no depoimento, o autor puxou uma arma de fogo da mochila e atirou três vezes contra Bosco, que tombou na porta do edifício.

Beto Castro contou que, após os tiros, “em pânico”, correu para se abrigar, assim como outras pessoas, enquanto o suspeito se evadia do local. Afirmou, também, que não teve nenhuma discussão com o autor, nem era ele que possuía a dívida, conforme informações que chegaram a circular logo após o ocorrido, e que Bosco seria o responsável por fazer a cobrança com Gilbson. Frisou que o encontro entre eles ocorreu por força do acaso.


O vereador ainda relatou que não acredita em crime orquestrado, porque tudo se desenvolveu devido à discussão acalorada entre os envolvidos.

Por fim, Beto Castro destacou que recolheu os pertences da vítima, a pedido dos policiais militares que chegaram ao local do crime. Posteriormente, entregou o aparelho celular, relógio, óculos, um cordão e uma pulseira para a esposa de Bosco, a qual não se recorda o nome.

Depoimento do assassino

Preso no dia 29 de agosto, Gibson César Soares Cutrim, que assassinou o empresário João Bosco, no edifício Tech Office, no bairro da Ponta d’Areia, prestou depoimento e disse que o vereador Beto Castro estava exigindo 50% de um pagamento de R$ 788 mil da Secretaria de Educação do Estado (Seduc), o que acabou desencadeando o homicídio.

Em seu depoimento, Gibson Júnior disse que há cerca de um mês e meio um advogado chamado Jean, seu conhecido, pediu-lhe uma ajuda na liberação de um valor que a Secretaria de Educação devia à empresa de segurança H. C EIRELI. Que Jean disse que lhe daria 30%. Afirmou Gibson que informou ao advogado que teria que envolver mais uma pessoa nesta negociação, que seria o vereador Beto Castro, pois este, com sua influência, poderia ajudar na liberação do valor.

Com a concordância de Jean, o acusado disse que acionou Beto Castro afirmando que daria a ele 20%. caso conseguisse a liberação do dinheiro junto à Seduc: no total, R$ 778.000,00.

Acrescentou que Castro aceitou a proposta e começou a agir para a liberação desse valor. 


Gibson Júnior, o assassino do empresário

No dia 17 de agosto, segundo o acusado, o vereador falou que queria receber era 50% do valor, exigindo o dinheiro de qualquer maneira. O autor do crime disse que não tinha como o advogado aumentar o valor. Conforme ainda o acusado, a cada meia hora Beto Castro ligava e sempre com a mesma conversa, exigindo do interrogado os 50%.

Numa das vezes, o vereador passou o telefone para o cobrador, que ele sabia tratar-se de Bosco, o qual não conhecia pessoalmente, mas já tinha noção de quem se tratava, pois ele era conhecido cobrador aqui da cidade e tinha fama de sequestrador e matador de gente, e que ele era cobrador pessoal de Beto Castro, inclusive, tendo recebido uma comenda na Câmara Municipal de São Luís.

No dia seguinte, 19, por volta das 08h, o interrogado ligou seu telefone, quando já viu várias ligações de Beto, que ligou novamente, tendo Gilbson atendido. Na conversa, ele disse que era para resolver, e, em seguida, passou o telefone para Bosco, que, de início, perguntou onde o interrogado estava, pois queria se encontrar naquela mesma hora para resolver imediatamente.

Acrescentou que Bosco lhe disse, também, que sabia tudo de sua vida, que ele tem dois filhos, sabia do seu endereço, sabia onde os filhos do interrogado estudavam, ameaçando em seguida sequestrar seu filho mais novo, de nome Luan, de 9 anos de idade, caso o interrogado não pagasse.

Diante das ameaças, principalmente contra seus filhos, o acusado disse que ficou desesperado, pegou uma arma guardada em sua casa e saiu, levando uma pistola 840, calibre .40, marca Taurus. Enquanto isso, segundo ainda o acusado, Beto Castro ficou ligando para um irmão do acusado e também para o seu pai, com o qual discutiu. Foi então marcada uma reunião no Tech Office. Ali, encontrou Beto Castro e Bosco em uma mesa do Tapioca da Ilha.

Depois de uma rápida conversa, Gibson (Jùnior) disse que decidiu ir embora. Levantou para retornar ao seu carro, que estava estacionado na Fribal. Disse que enquanto caminhava, Beto Castro e Bosco lhe acompanhavam e tentavam convencê-lo a ir até o carro do vereador. Disse que não quis ir para o carro de Beto e que sua vontade era de ir embora. Mas, segundo ele, Bosco e Beto Castro não deixavam o depoente ir.

No caminho, conforme o depoente, Beto falou: “Resolve isso hoje, Esse cara (referindo-se a Bosco) vai fazer tudo que ele disse”. Bosco então completou: “Rapaz, deixa de mão deixa comigo, vou agarrar o filho dele hoje mesmo”. Júnior disse que nessa hora ficou transtornado, imaginando Bosco agarrando seu filho e acabou tirando a pistola da sua bolsa e atirando por três vezes em Bosco. Em seguida, foi na direção do seu carro e fugiu, jogando a pistola de cima da ponte do Jaracati, tendo a arma caído no mar.

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Postagens sobre o assassinato do empresário:

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Exigência de 50% pelo vereador Beto Castro em pagamento de R$ 778 mil motivou crime, revela assassino de empresário


2 comentários:

  1. Já foi aberto o processo de cessação desse Beto Castro?

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  2. Nós pobres mortais do estado do Maranhão.ainda não ouvimos um pronunciamento do governo sobre esses valores envolvidos nesse assassinato e se não tivesse acontecido o povo jamais saberia.das próprias ou seja desvios de dinheiro público e os baba ovo td caladinhos

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